segunda-feira, 30 de março de 2009

Coração embrulhado

TANTA SAUDADE

"Era tanta saudade
É pra matar
Eu fiquei até doente
Eu fiquei até doente, menina
Se eu não mato a saudade
É, deixa estar
A saudade mata a gente
A saudade mata a gente

Quis saber o que é o desejo
De onde ele vem
Fui até o centro da terra
E é mais além
Procurei uma saída
O amor não tem
Estava ficando louco
Louco, louco de querer bem
Quis chegar até o limite
De uma paixão
Baldear o oceano
Com a minha mão
Encontrar o sal da vida
E a solidão
Esgotar o apetite
Todo o apetite do coração

Mas voltou a saudade
É, pra ficar
Ai, eu encarei de frente
Ai, eu encarei de frente, menina
Se eu ficar na saudade
É, deixa estar
A saudade engole a gente
A saudade engole a gente, menina

Ai amor, miragem minha
Minha linha do horizonte
É monte atrás de monte, é monte
A fonte nunca mais que seca
Ai, saudade, inda sou moço
Aquele poço não tem fundo
É um mundo e dentro um mundo
E dentro um mundo e dentro um mundo
E dentro é o mundo que me leva"

Lembrei hoje dessa música do Djavan e do Chico Buarque. É bem mais fácil exprimir um sentimento usando um sentimentozinho já empacotado e embrulhado pela poesia de alguém. Tá aí uma boa definição pra música: um embrulho de sentimento.

Vou ficando com esse embrulho no estômago. Ou melhor, é como se o coração fosse igual ao estômago, e a gente tivesse que encher... Eu com uma fome danada, com o coraçãozinho vazio, vazio, o pobre. Com indisposição, sem vontade de comer... É como diz a música: a solidão estraga o apetite do coração... Dá embrulho. Não sei se saudade mata a gente. Mas se não mata, maltrata.

* * *

A vida da gente é uma aventura. É esse tudo-o-que-está-por-vir, e que por isso mesmo é desconhecido. É esse jeito de esperar o futuro, a que ninguém pode se furtar. Porque o futuro vem para todo mundo, bom ou ruim. E aquele que nunca teve medo, que atire a primeira pedra. Por isso é que nessa aventura, há três escolhas possíveis: ser o herói, o palhaço ou o vilão.

O herói é o único que vence o medo. Apesar do medo, prossegue. Enfrenta as dificuldades do caminho, se estrepa até o finalzinho, pra só nos últimos cinco minutos do filme poder ficar com a pessoa amada.

O palhaço fica paralisado pelo medo. Perde o senso do tempo, esquece que pra se dar bem no final, é preciso passar muito perrengue. Corre o risco de ficar ridículo.

O vilão é, dos três, o que sente mais medo. É mesmo um pânico. Tanto, que acaba tentando atrapalhar a vida dos outros, com a ilusão de que pode se dar bem fazendo isso. Esquece que no final, o bem sempre vence.

E a maior aventura de todas, a de saber se se é vilão, palhaço ou herói, só termina no futuro... A qualquer momento, nos últimos cinco minutos da vida de cada um...