terça-feira, 10 de março de 2009

Descoordenado

Peguei o avião em Campo Grande às 5 da manhã, rumo ao norte. Primeira parada, uma escala em Goiânia. De lá para Brasília. Uma hora depois, conexão para Manaus. Exceto a saudade e a emoção da partida, tudo ia monótono como a maioria das viagens de avião. Minha vista da floresta amazônica estava encoberta. Acordei de um cochilo. As nuvens raleavam. Comecei a avistar muita floresta e muita água. Diversas vezes achei estar vendo o rio Amazonas. Não. Eram afluentes e igarapés e represas naturais, repetindo-se como num padrão minimalista. Finalmente, apareceu o Rio dos Rios, o maior rio do mundo, no meio da maior floresta do mundo. E eu estava ali. A sensação apenas comparável à vista do Rio de Janeiro de cima do Pão-de-Açúcar. Do outro lado, o Rio Negro. Era o encontro das águas. Ao lado, a cidade de Manaus. Pousei novamente, para uma escala. "Incrível como Boa Vista cresceu", disse-me uma senhora sentada na fileira atrás da minha, e explicou: "Antigamente sempre se encontrava um conhecido no avião para Boa Vista. Hoje, veja só, não conheço ninguém". Pouco depois, pousei no meu destino final, Boa Vista, à 1 e quinze da tarde. Chamou-me a atenção o relevo plano, a vista do Rio Branco e o aeroporto, moderno, mais moderno que o aeroporto de Campo Grande, com plataformas para desembarque e escadas rolantes levando à esteira de retirada de bagagem.
Ali me esperava a amiga Julia, ex-colega de mestrado em Brasília, que me deu as boas vindas. Mostrou-me rapidamente as principais avenidas da cidade, no caminho para o restaurante Marina Meu Caso, à margem do Rio Branco, com vista para a praia fluvial na margem oposta. Lá já estava o Thiago, e um belo tambaqui assado, acompanhado de arroz com feijão de corda, vinagrete e dois tipos de farinha.
Dali fomos para a casa da Julia, onde eu devo me instalar pelo menos nos primeiros dias... talvez semanas, talvez meses... Vai depender da paciência da Julia. A casa pareceu muito boa, bem mais ampla do que onde eu estava habituado a morar em Brasília. A internet é pelo modem da TIM, a famigerada conexão T'IMganei! Na Universidade, onde fui fazer minha inscrição para o concurso de professor substituto, existe internet a rádio, mais potente.
Apesar das boas impressões, a sensação por enquanto é de deslocamento. Um deslocamento físico, como se o corpo conseguisse identificar a mudança de coordenadas. Estou meio descoordenado.