terça-feira, 31 de março de 2009

Ah, o café...

Se não me engano, é no filme A filha de D'Artagnan que existe uma nobre viciada em café. A bebida vinda do Oriente Médio acabou de chegar à Europa, para libertar a nobreza da "prisão do sono". A necessidade de dormir é mesmo uma circunstância desagradável da condição humana. É também um prazer único, mas quem nunca passou pela situação de precisar varar a noite? Ou de desejar que isso aconteça e ser acometido por um irresistível sono?
Isso me aconteceu ontem.
Eu precisava preparar quatro horas de aula sobre a história do entre-guerras (1919-1939) e ainda não tinha nem terminado de ler os textos obrigatórios. Não satisfeito, fui passar uma hora e meia na academia... Cheguei em casa mais cansado ainda, tomei banho, comi alguma coisa e o sono bateu gostoso. Decidi ir dormir (eram 10 e meia da noite) e coloquei o despertador para as 2 da manhã! Dormi as minhas 3 horas e meia e levantei, até muito bem disposto.
Aí é que entra o café. Atendendo a pedidos, a bendita Julia tinha deixado uma garrafa desse líquido precioso ao meu alcance. Tudo meu! Só meu! My preciousss!
Fui tomando café e preparando aula na calma da madrugada boa-vistense... Tratado de Versalhes, ruína da segurança coletiva, Tratado de Locarno, Hobsbawm, Carr, forças profundas, crise de 1929, Keynes, appeasement, resumindo: essa marcha de insensatez que é a história do começo do século XX.
Terminei de preparar às 5 e meia da manhã. A aula só começava às 8. Eu podia então voltar para a minha cama e dormir pelo menos mais uma hora, ou pouco mais. Mas quem disse que eu conseguia? Era tanto café que eu estava libertado dessa condição humana.
Fiquei rolando na cama.
Agora o efeito do café está passando e eu estou voltando à minha condição de reles mortal... e não vejo a hora de ter as minhas boas oito horas de sono...